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Foto do escritorTeacher Heitor Goncalves

Métodos para o ensino de Inglês


Apesar de ser uma pergunta bem comum feita pelos alunos e, principalmente pelos prospects, ainda acho muito curioso quando escuto "Qual metodologia você usa?”. Poderíamos dialogar por muito tempo para responder a essa pergunta. Mas na verdade o que o aluno normalmente quer saber é: “Você foca em conversação ou gramática?” “Quanto tempo demora para eu começar a falar inglês?” "Como são as aulas?” e etc. São expectativas normais e cabe a nós professores sanar essas dúvidas.


Além disso, acho muito interessante também aproximar o aluno das técnicas que são usadas. Muitas vezes eles começam a entender as dinâmicas das aulas de algum método específico e passam a participar mais ativamente. Os alunos sabem o que é esperado para cada etapa da aula. Por isso, fica aqui um resumo cheio de impressões pessoais para ajudar quem quer saber mais sobre os métodos mais usados para o ensino de inglês.


Método Direto


O método direto tem como proposta principal o DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO , enfatizando a habilidade de fala do aluno. É uma proposta de IMERSÃO COMPLETA na língua estrangeira. Aprender a língua através dela mesma. Para este objetivo ser alcançado algumas premissas básicas para a aplicação desse método são:

  • aulas ministradas totalmente em inglês

  • utilização de objetos e imagens para explicar os significados das palavras

  • Atividades de conversação como prioridade

  • desincentiva o uso da língua materna durante as aulas

Para atender estas premissas as aulas são normalmente centralizadas em INTERAÇÕES SITUACIONAIS onde os alunos compartilham conhecimentos e interagem em contato direto com a língua, sem interferência de tradução mas com a ajuda de qualquer recurso que se use na vida real: gestos, mímicas, encenações ou explicações em inglês, dependendo do nível linguístico.


Minha experiência com o método direto →


Uma grande parte das técnicas que gosto de usar são provenientes do método direto (e do sociointeracionista). Digamos superficialmente que ela seja uma imitação da maneira natural que adquirimos nossa língua materna. Ou seja, enquanto aprendizes, já passamos por aquele processo antes. Agora é a segunda vez, motivada por outros fatores indiscutivelmente diferentes. Para aquisição de linguagem as técnicas usadas demonstram muito sucesso, embora eu sempre empreste características de outros métodos durante as aulas.


O maior desafio para o professor ao usar o método direto é lidar com as lacunas de vocabulário nos níveis iniciantes. Na impossibilidade de traduzir ou fazer explicações na língua materna é necessário ser muito preciso na escolha de imagens, gestos ou explicações que resolvam estas lacunas e por isso as aulas levam mais tempo para preparação.


Método Sociointeracionista


O método sociointeracionista (ou comunicativo) propõe o desenvolvimento linguístico ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO. A característica predominante é que essa comunicação é voltada para SITUAÇÕES REAIS DO DIA A DIA e construída através da TROCA DE EXPERIÊNCIA dos alunos. Em geral, o objetivo é expor os alunos ao máximo possível de situações de uso real da língua propondo assim a interação como o próprio caminho para a fluência. Para isso, as aulas muitas vezes são pautadas no convívio social dos alunos, com ênfase em situações reais. O storytelling é uma técnica muito usada pelos professores como motivador da comunicação.


Além disso, em uma de suas abordagens, a metodologia comunicativa entende que a gramática não deve ser o centro da aula, criando assim um ambiente onde é mais importante transmitir a mensagem do que formatá-la gramaticalmente.


O método comunicativo/sociointeracional é um dos mais atuais e o queridinho de quem trabalha com aquisição de linguagem. Também é defendido pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) para o ensino de língua estrangeira. O método sociointeracional pode ter 4 abordagens principais e abaixo você pode ver as características predominantes de cada uma delas:

​ABORDAGEM NATURAL

​ABORDAGEM BASEADA

EM TAREFAS

ABORDAGEM LEXICAL

​ABORDAGEM INTERCULTURAL

--> O professor fornece um conjunto de informações lexicais (vocabulário) e gramaticais que o aluno recebe para a aquisição da língua.Prioriza-se a fala somente em inglês na sala de aula

--> O professor corrige apenas erros dos alunos que atrapalham seriamente a comunicação

--> A gramática não é objeto central

--> O professor designa uma tarefa para os alunos realizarem, usando os conhecimentos linguísticos e comunicativos que eles já possuem. Uma estratégia interessante são atividades que motivam a solução de problemas. Assim o aluno faz uso das ferramentas linguísticas que possui a fim de lidar com uma situação simulada em aula mas que poderia acontecer em sua vida.

​ --> O ensino é focado em vocabulário e expressões, e não em palavras isoladas e gramática. Alguns professores tendem a pensar que a abordagem lexical deixa a gramática para segundo plano, mas interessante desta abordagem é que ela propõe o ensino da gramática através do conhecimento de vocabulário e expressões e não o contrário.

​--> Foca o desenvolvimento de comunicação intercultural e complexa O professor deve priorizar a formação de falantes capazes de se engajar em situações interacionais que tenham complexidades a serem mediadas sem a interferência de estereótipos.

Minha experiência com o método sociointeracionista →


Uma grande parte das técnicas que gosto de usar são provenientes do método sociointeracionista (e do método direto). Ele permite que o aluno sacie as expectativas iniciais do curso e perceba que é possível aos poucos desenvolver a comunicação. É um método que surpreende os alunos que vem de abordagens mais tradicionais sem terem se adaptado a elas. Com a metodologia sociointeracional o aluno tem ganho de auto-estima porque muito rapidamente tem contato com sensações novas: compreender e ser compreendido em uma língua estrangeira, já que o foco é transmitir a mensagem.


Outro motivo que faz os alunos se sentirem cada vez mais capazes é a prioridade por situações reais no desenvolvimento da comunicação. O aluno pode facilmente encontrar situações do seu próprio dia a dia e vivenciá-las na língua estrangeira: uma viagem a turismo ou negócios, uma compra no supermercado ou a descrição de uma cidade, por exemplo.


Meus dois maiores desafios na aplicação do método sociointeracionista são:

  • Dependendo dos objetivos da aula ou do curso é necessário um certo cuidado para que não haja uma banalização da gramática. Como a ideia é focar no “transmitir a mensagem”, muitas vezes isso pode evoluir para falhas crônicas que impedem a comunicação.

  • Em turmas as aulas muito pautadas na realidade e no convívio dos alunos podem ficar condicionadas ao perfil dos alunos. Um aluno tímido pode sair prejudicado ou uma sala com experiências muito diversas pode trazer dificuldades para encontrar um assunto comum, por exemplo.

Método audiolingual


Audição → Repetição → memorização → aprendizado


O método audiolingual propõe o foco na fala e na audição da língua estrangeira. Escrita, leitura e focos gramaticais perdem o grau de prioridade, principalmente no início do aprendizado. Este método tem um caráter técnico e mecanizado de perguntas e respostas pautadas pela forma oral de comunicação e sempre em inglês. Este processo é recheado de repetições, reforços positivos para as respostas corretas e correção imediata de pronúncia. Existe uma grande ênfase nas estruturas linguísticas em consequência deste processo mecanizado de perguntas e respostas.


Há também um processo de repetição baseado na imitação de um modelo como no esquema abaixo:

Este ciclo se segue até que o texto ou a estrutura linguística em questão seja memorizada. Uma vez que esta estrutura está confortável para o aluno, o professor a apresenta em outro contexto onde basta ele ajustar o vocabulário para usá-la novamente. O professor pode fazer uso de drills orais para treinar o aluno com as estruturas desejadas. Atividades de substituição de termos nas frases também são boas ferramentas para aplicar a metodologia audiolingual.


Minha experiência com a metodologia audiolingual →


Uso algumas técnicas do método audiolingual com focos objetivos. Memorização de vocabulário ou consolidação de alguma estrutura linguística, por exemplo. Pessoalmente sinto que a memorização através da repetição ajuda o aluno a aceitar estruturas que não são passíveis de tradução literal.


Um processo muito interessante da metodologia audiolingual é que ela permite que uma estrutura linguística seja consolidada e depois aplicada em diferentes contextos. Quando o aluno quer falar sobre outro assunto, basta ele aprender o vocabulário inerente àquele assunto pois a estrutura linguística é moldável e ele já tem o domínio dela. Há também alguns desafios:

  • O professor fica configurado como um modelo a ser seguido e os alunos acabam tendo uma participação mais passiva na aula, o que por vezes leva ao desinteresse.

  • É necessário tomar um certo cuidado para não robotizar a fala e até o pensamento do aluno. O excesso de repetições pode levar a isso. Uma maneira de evitar é fazer conversas livres, utilizando as estruturas aprendidas, mas fora do contexto das atividades de repetição. Perguntas em momentos mais espontâneos da aula, por exemplo.

Método tradicional (ou indireto)

O método tradicional tem o foco na CAPACIDADE DE LEITURA do aluno e propõe ênfase no ensino da GRAMÁTICA NORMATIVA e no incentivo à TRADUÇÃO LITERAL. É o método com o qual os brasileiros estão acostumados em sala de aula.


Minha experiência com o método tradicional →


Quase não faço uso de técnicas características deste método no meu contexto atual. Apenas para situações extremamente pontuais onde há alguma resistência do aluno com a metodologia usada na aula ou ao compartilhar alguma curiosidade relacionada à tradução, por exemplo. Há muitas ressalvas com o uso deste método mas acredito que devemos pensar sempre com referência aos nossos objetivos: se o objetivo do aluno for aquisição de linguagem, realmente não demonstra ser o mais eficiente, porém se o foco for uma prova de vestibular ou qualquer prova de proficiência, existem técnicas que podem ajudar o aluno.


Desafios com o método tradicional: Trabalho com este método apenas em casos muito específicos, mas pessoalmente o maior desafio é equilibrar a tradução literal com a tradução adaptada e ensinar para um aluno não falante as diferenças culturais e estruturais das duas línguas em questão.


Resumindo

MÉTODO SOCIOINTERACIONISTA

OU COMUNICATIVA

​MÉTODO AUDIOLINGUAL

​MÉTODO TRADICIONAL

​MÉTODO DIRETO

​A interação dos alunos é o canal para a comunicação


Usa situações do dia a dia para motivar a interação entre os alunos


Prioriza transmitir a mensagem


Gramática não é o objeto central


Pode ter várias abordagens: natural, baseada em tarefas, lexical, intercultural, etc

​Propõe o ciclo Audição → Repetição → memorização → aprendizado


O professor é modelo para imitação do aluno


Prioriza atividades de repetição, memorização, substituição de termos.


​Objetiva o desenvolvimento da leitura Propõe o foco na gramática normativa e na tradução A aula fica mais centrada no professor

​Aulas ministradas totalmente em inglês desde o iniciante Uso de objetos e imagens para explicar os significados das palavras Desincentiva o uso da língua materna durante as aulas Atividades de conversação como prioridade

A minha experiência com diversos contextos do ensino de inglês proporcionou que eu tivesse contato com vários destes métodos. Hoje, entendo o objetivo de cada um deles e em minhas aulas proponho um passeio por vários métodos dependendo do objetivo de cada atividade, aluno ou momento da aula. É possível assim aliar o que é científico com o que é prático e até ousar algumas experimentações.


Quer saber sobre métodos alternativos para o ensino de inglês (que talvez você ainda não conheça). Clique aqui e boa leitura.

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