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Porque sou a favor de provas mas não as aplico?


É importante registrar aqui que a discussão sobre aplicação ou não de provas, importância das provas, modelos de avaliação e tantas outras variáveis poderia durar para sempre. Teríamos que fazer um levantamento de dados imenso tanto das diversas teorias escritas quanto de casos empíricos a fim de avaliar os fatos. Depois disso, esses dados deveriam ser organizados e analisados qualitativa e quantitativamente antes de ensaiar qualquer tipo de conclusão. Não é essa a minha intenção aqui, a ideia é uma reflexão sobre o porquê de eu ser a favor de provas mas não aplicá-las.


Uma coisa é fato: as avaliações, provas, testes e seleções são presentes e determinantes em nossas vidas. Além das mais famosas e tradicionais provas escolares, nossa trajetória pessoal e profissional é recheada de situações avaliativas. É preciso passar por um teste - ou mais de um - para conseguir um emprego ou para estar apto a conduzir um carro. Somos avaliados até para alugar um imóvel ou para viajar para algum país diferente do nosso - quem já tirou algum visto mais burocrático sabe como é isso. Enfim, situações avaliativas estão por aí o tempo todo, e considerando o modelo competitivo em que vivemos, elas continuarão por aí por mais um bom tempo. Então talvez o desafio seja tirar o melhor deste contexto.


Deste ponto de vista, sou a favor de uma educação escolar que priorize a PREPARAÇÃO dos alunos (cidadãos) para saberem EXPERIENCIAR estas situações avaliativas.

Por experienciar entende-se:

  • preparação técnica para que eles dominem o conteúdo a ser avaliado

  • preparação pessoal para aspectos inerentes ao contexto de prova: saber lidar com tempo, saber lidar com distrações no momento da avaliação, ergonomia, etc.

  • preparação psicológica. Exercícios de respiração, maneiras de controlar sintomas de nervosismo, etc.

  • aplicação e valorização justa de avaliações com foco em diferentes habilidades e capacidades (escrita, oral, prática)

  • aplicação e valorização justa de diferentes formas de avaliação (diagnóstica, formativa, somativa, dialógica, processual, cumulativa, etc)

  • simulação de provas como exercício de treinamento na preparação de alunos para testes específicos (exames de proficiência, entrevistas de emprego, etc)

Não é fácil, mas é possível! Lembre-se que há uma diversidade enorme de contextos escolares e educacionais diferente dos tradicionais.

Dentre todos esses desafios, a aplicação das tradicionais provas escritas é apenas uma das ferramentas a serem usadas no processo avaliativo. Ela faz parte de uma estrutura muito mais completa e complexa.


Isso tudo para justificar que neste contexto de preparação (consciente e humana) dos alunos para o mundo real eu sou muito a favor da aplicação de provas.


Ok, e por que EU não aplico provas?


Eu avalio, mas não aplico provas. Para o meu contexto atual, praticamente não faz sentido a aplicação de provas tradicionais (características da função somativa da avaliação). O primeiro motivo é que o próprio perfil de aluno não “pede” a aplicação deste tipo provas. Normalmente são pessoas focadas em um sonho e que decidiram aprender inglês de verdade e de uma vez por todas. Além disso, a avaliação existe, sim, porém em um formato que não inclui provas escritas.


E como funciona a avaliação?


Opto por um modelo de avaliação processual que envolve duas funções principais: diagnósticas e formativas. Na prática, isso inclui:

  • exercícios de autoavaliação

  • diálogos com o aluno abordando feedback de alguma atividade

  • revisões sistematizadas a fim de comparar as performances do mesmo aluno em diferentes momentos do curso

  • levantamento de falhas de performance e trabalho específico para saná-las

  • criação de objetivos a curto, médio e longo prazo junto ao aluno

No entanto, como tudo é personalizado às necessidades do aluno, em caso de pessoas que estão se preparando para exames de proficiência, por exemplo, é necessário usar provas como ferramenta de estudo. Normalmente estas provas possuem modelos muito específicos, então muitas vezes o aluno precisa primeiramente aprender COMO fazer a prova: quais os modelos de perguntas existem, quais tipos de texto são pedidos, qual a duração de cada etapa da prova, qual habilidade é esperada em cada tipo de prova, etc.


Um exemplo de avaliação que os meus alunos online devem reconhecer:


Iniciar a aula com uma conversa espontânea em inglês e afunilar o assunto até chegar nos pontos comunicativos que o aluno está estudando. Permanecer por alguns minutos (de 5 a 15) explorando os vocabulários e funções daquele assunto enquanto anoto algumas observações (professores, não se esqueçam, anotações não precisam ser só pontos negativos a serem corrigidos. Anotem e compartilhem com os alunos aquilo que chamou a sua atenção pelo uso correto, pela precisão e pela coragem. Não basta corrigir erros, é preciso encorajar acertos). Ao final da atividade, passamos a conversar (já em português) e aos poucos criamos juntos um feedback sobre a performance. Uma boa maneira de abordar o aluno é perguntar para ele após o diálogo em inglês: “Como você se sentiu durante a nossa conversa?” ou “Em qual parte da nossa conversa você sentiu mais confortável?” A partir daí compartilho as minhas anotações e criamos o feedback. Depois deste feedback podemos construir ali mesmo juntos uma estratégia para melhorar aquilo que ainda está falho ou no caso de satisfação total com a performance na atividade podemos usá-la como exemplo de sucesso na aquisição de auto estima pelo aluno e na projeção e coragem diante de novos objetivos.


E você, o que pensa sobre a aplicação de provas? Quais modelos prefere?


Quer evoluir um pouco mais neste assunto? Aqui listo e explico um pouco sobre alguns modelos de avaliação que mencionei no texto acima.

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